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Novas Perspectivas sobre a Doença de Parkinson: Os Rins como Foco Inesperado

Um estudo da Universidade de Wuhan sugere que os rins podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da doença de Parkinson, desafiando a visão tradicional da origem cerebral.

02/07/2025 08:46
Novas Perspectivas sobre a Doença de Parkinson: Os Rins como Foco Inesperado

A doença de Parkinson, frequentemente ligada a danos neurológicos no cérebro devido à diminuição da produção de dopamina, está agora a ser reavaliada à luz de novas descobertas feitas por investigadores da Universidade de Wuhan, na China. O estudo aponta que os rins podem ser o ponto de partida da patologia, um conceito que altera a compreensão convencional da doença.

A pesquisa foca-se na proteína alfa-sinucleína (α-Syn), que está associada ao Parkinson. Quando esta proteína se acumula de forma disfuncional, afeta negativamente a função cerebral. No entanto, uma das principais revelações é que as aglomerações de α-Syn podem surgir nos rins, além de no cérebro, o que levanta a hipótese de que estas proteínas anómalas possam viajar dos rins até ao cérebro, possivelmente influenciando o desenvolvimento da doença.

Os investigadores afirmam: "Demonstrámos que o rim é um órgão periférico que serve como origem da α-Syn patológica", conforme detalhado no seu artigo publicado na Nature Neuroscience.

A equipa conduziu uma série de testes com camundongos geneticamente modificados e também analisou tecidos humanos de pacientes com doença de Parkinson e problemas renais crónicos. Os resultados revelaram um aumento considerável de α-Syn nos rins de 10 dos 11 pacientes estudados com Parkinson. Além disso, disfunções semelhantes foram registradas em 17 dos 20 pacientes com doença renal crónica, mesmo na ausência de sintomas neurológicos, sugerindo que a acumulação de proteínas nocivas nos rins pode ocorrer antes do surgimento de danos cerebrais.

Os testes em animais corroboraram essas descobertas: camundongos com rins saudáveis eliminaram os aglomerados de α-Syn injetados, enquanto que aqueles com rins comprometidos mostraram acúmulo de proteínas que eventualmente se espalharam para o cérebro. Notavelmente, quando os nervos que ligam o cérebro aos rins foram cortados, essa disseminação não ocorreu.

Além disso, os investigadores exploraram a componente sanguínea, descobrindo que a diminuição de α-Syn no sangue correspondia a menos danos cerebrais, acrescentando uma nova dimensão à pesquisa.

Apesar das limitações do estudo, como o número relativamente pequeno de amostras de tecido, as descobertas abrem novas avenidas para a investigação sobre a doença de Parkinson e outras condições neurológicas. É plausível que a doença, similar ao Alzheimer, possa ter múltiplas causas e fatores de risco, agora incluindo também os rins.

Os investigadores concluem que "a remoção de α-Syn do sangue pode impedir a progressão da doença de Parkinson, fornecendo novas estratégias para tratamento terapêutico de condições associadas a corpos de Lewy".

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