PCP denuncia hipocrisia de partidos sobre direitos dos trabalhadores
O secretário-geral do PCP criticou a falta de apoio genuíno de partidos em relação aos trabalhadores da indústria que buscam reconhecimento de profissões de desgaste rápido, durante manifestação em Lisboa.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, expressou hoje a sua solidariedade para com os trabalhadores da indústria que reivindicam o reconhecimento do estatuto de desgaste rápido. Ele alertou que, apesar das manifestações emocionadas de algumas forças políticas, estas não irão apoiar a proposta, acusando-os de chorarem "lágrimas de crocodilo".
Durante uma concentração organizada pela FIEQUIMETAL CGTP-IN, à porta da Assembleia da República, onde se debatia uma petição sobre as profissionais de desgaste rápido, o líder comunista mostrou-se cético em relação ao comportamento dos partidos, afirmando que, “no fim, vão-se alinhar, como fizeram na semana passada contra o encerramento do grande comércio aos domingos e feriados”.
Raimundo destacou que o apoio circunstancial de outros partidos, como PSD, CDS-PP, Chega, IL e PS, não diminui a legitimidade das reivindicações dos trabalhadores. "A questão da justiça deste pedido e a necessidade de resposta estão perfeitamente claras. É fundamental reconhecer as consequências físicas e psicológicas das profissões que envolvem turnos", acrescentou.
Por sua vez, Mariana Mortágua, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, também esteve presente na manifestação e considerou que se trata de "uma luta muito importante" para garantir condições especiais de trabalho e o direito à reforma antecipada para os trabalhadores noturnos e por turnos. Ela lamentou a falta de ação do governo atual em relação a um grupo de trabalho já criado para abordar as profissões de desgaste rápido.
"O Governo prioriza questões que não afetam a vida das pessoas. A antiga legislação sobre a greve parece ser a sua única preocupação", criticou Mortágua. Interpelada sobre o diálogo entre o Governo e partidos de extrema-direita, afirmou que este é um sinal de uma agenda que não promove um verdadeiro entendimento.
Sobre as eleições presidenciais, Mortágua evitou especulações, mas enfatizou a necessidade de uma candidatura que represente valores democráticos e de dignidade. Raimundo, perguntado sobre uma possível aliança à esquerda em torno de António Filipe, considerou que cada partido deve tomar as suas próprias decisões e reconheceu o valor do candidato comunista como alguém que representa uma visão ampla de cidadania e patriotismo.