Reações contundentes após comentários de Ventura sobre crianças no Parlamento
Pedro Duarte e Alexandra Leitão expressaram indignação após André Ventura citar nomes de menores estrangeiros em debate sobre nacionalidade. A instrumentalização de crianças para fins políticos foi duramente criticada.
O ex-ministro e candidato do PSD à Câmara do Porto, Pedro Duarte, manifestou o seu profundo “choque” e classificou a atitude do líder do Chega, André Ventura, como "inqualificável". Esta reação veio na sequência da menção de nomes de crianças estrangeiras durante uma discussão no Parlamento acerca das alterações nas leis da nacionalidade e imigração.
Na sua intervenção no espaço de comentário 'Princípio da Incerteza' da CNN Portugal, Duarte comentou: “Esta falta de empatia é alarmante. A demagogia leva a que algumas pessoas se esqueçam dos valores fundamentais que deveriam defender.” Substituindo esses valores por um discurso populista, ele caracterizou a ação de Ventura como “absolutamente inaceitável”.
O ex-ministro enfatizou que, independentemente de como foram referidos, os nomes têm um impacto significativo no contexto individual das crianças. A gravidade da situação, segundo Duarte, não deve ser subestimada.
Em paralelo, a candidata do PS à Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão, criticou severamente Ventura, considerando as suas palavras como uma instrumentalização de menores que “transcende o que é aceitável numa democracia”. Leitão afirmou que utilizar crianças para promover discursos de ódio é “vergonhoso, desumano e perigoso”.
No momento em que André Ventura começou a mencionar nomes de alunos na Assembleia da República, vários deputados da Esquerda tentaram interromper a sua intervenção sem sucesso. A líder parlamentar do Livre chegou a demonstrar emoção ao implorar por “humanismo”.
Após a controvérsia, Ventura usou a rede social X (anteriormente Twitter) para defender-se, alegando que “uma parte do país ficou incomodada” com a presença de nomes estrangeiros nas escolas. Ele também direcionou críticas à Esquerda pela sua suposta hipocrisia em relação a outras formas de instrumentalização de crianças.
Entretanto, as propostas de alteração do Governo às leis de nacionalidade e imigração e os projetos do Chega permaneceram na fase de especialidade, sem votação.
As novas propostas do Governo incluem o aumento do tempo de residência exigido para a cidadania de 5 para 7 ou 10 anos, e a possibilidade de perda da nacionalidade para naturalizados condenados por crimes graves. Já o Chega propõe medidas que restringem a nacionalidade e a entrada de imigrantes.