Socialistas expressam descontentamento face a demolições de habitação precária

Num gesto de descontentamento, ex-governantes e deputados do Partido Socialista (PS), como João Costa e António Mendonça Mendes, assinaram uma carta aberta onde expressam a sua "profunda indignação e preocupação" face à demolição de habitações precárias, que afetou dezenas de famílias. A ação, autorizada por autarcas do PS, está a provocar um clima de incerteza e angústia entre os moradores.

Intitulada "sobre a demolição de princípios e de barracas", esta missiva, já subscrita por cerca de uma centena de pessoas, destaca a falta de soluções habitacionais alternativas para os cidadãos afetados. Os signatários consideram que a destruição das barracas, sem um plano solidário adequado, contraria os "princípios constitucionais e estatutários" que regem o partido.

"É com apreensão que observamos a realidade de famílias que, após a destruição dos seus lares, são deixadas à mercê da precariedade e do risco de se tornarem sem-abrigo. É um cenário que não podemos tolerar," afirmam, criticando a medida como um golpe na credibilidade e compromisso ético do PS em relação aos cidadãos.

O apelo destes socialistas visa reforçar a coesão nas estruturas do partido e a necessidade de defender os valores fundamentais da responsabilidade social e da solidariedade. "A política socialista deve sempre colocar as pessoas em primeiro lugar," sublinham.

Recentemente, a autarquia de Loures, sob a liderança do socialista Ricardo Leão, iniciou a demolição de 64 habitações precárias no Talude Militar, afetando a vida de 161 indivíduos. Contudo, a situação complicou-se quando o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa aceitou uma providência cautelar interposta por uma advogada em nome de 14 moradores, reconhecendo urgência no caso e concedendo um prazo de 10 dias ao município para contestar a decisão.